Publicado em 21/09/23
Doença hepática crônica: entenda a embolização de baço
Pessoas com doença hepática crônica são vítimas potenciais da formação de varizes de esôfago e estômago e até hemorroidárias, pois a dificuldade da passagem do sangue pela veia porta hepática aumenta a pressão nas suas vias de drenagem causando o que é chamado de hipertensão portal. Essas varizes podem sangrar e causar sérios danos.
Além disso a doença hepática crônica pode causar o aumento do baço esse órgão tem importante papel no controle de células sanguíneas (destruição e produção de células) bem como sua função imunológica na produção de anticorpos.
Quando há o aumento do baço ocorre o seqüestro de células causando anemia e queda de células da imunidade (leucócitos) e principalmente queda de plaquetas (dificultando a coagulação do sangue)esse quadro é chamado hiperesplenismo.
O hiperesplenismo com a queda de plaquetas (plaquetopenia) pode inviabilizar o tratamento da hepatite C. O não tratamento da hepatite C, com a manutenção da carga viral elevada, pode levar a progressão da cirrose hepática com todas as suas consequências.
Para evitar esta situação agravante, é possível elevar o número de plaquetas através do tratamento com medicamentos. Porém não havendo resposta, pode se realizar a embolização parcial do baço possibilitando a elevação do número de plaquetas e viabilizando o tratamento da hepatite C.
O que é a embolização?
A embolização parcial de baço é uma técnica realizada por cateterismo pela artéria femoral (virilha), com anestesia local em uma sala de hemodinâmica.
Através de um cateter e um microcatéter, a artéria que irriga o baço (artéria esplênica) é cateterizada. Partículas são injetadas para obstruir parcialmente a circulação do baço.
Diminuindo o fluxo circulatório e o volume do baço eleva-se os níveis de células do sangue, principalmente plaquetas. A porção do baço preservada mantém as funções normais do mesmo.
Qual a vantagem da embolização a retirada do baço?
A embolização é vantajosa, pois a preservação do baço mantém suas funções em relação à imunidade e não propicia a trombose da veia do baço (veia esplênica) como ocorre na remoção cirúrgica total do baço. A trombose desenvolvida através da remoção cirúrgica pode progredir e piorar a situação da hipertensão portal, além disso, pode dificultar ou impossibilitar o transplante hepático.
Cirurgião Vascular - CRM 8126
- Médico do setor de Angiorradiologia, cirurgia endovascular e embolizações do Centro Goiano de Cateterismo.
- Professor de especialização de Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular do Hospital das Clínicas de Goiânia.
- Membro do Departamento de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital das Clínicas.
- Coordenador do Departamento de Cirurgia Vascular da Santa Casa de Anápolis.
Compartilhe esse artigo: